Todo pai sabe que a criança, para aprender, imita as atitudes das pessoas ao seu redor. E, aos poucos, os pequenos vão desenvolvendo os próprios hábitos e personalidades, sejam eles bons ou ruins.
Claro que todo pai sonha com a
criança bem-educada. Mas educá-los não é tarefa fácil, requer tempo e disposição. Como então fazê-los entender que boas atitudes devem prevalecer?
A presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Quézia Bombonatto, explica que o primeiro passo é começar a ter bons hábitos. "Criança imita o que vê. Então, se ela vê o pai falando ‘obrigado’, essa ação tem eco na atitude do pequeno", explica. "Tudo é imitado, desde higiene até o chegar no horário".
Isso quer dizer que de nada adianta falar que ‘não pode’ se o próprio adulto acaba fazendo algo que não é legal. "Por tudo, os
pais são referência, a partir do exemplo que eles dão. Essas atitudes, trabalhadas, formarão o caráter do filho", afirma Quézia, que também é editora do Boletim Psicopedagógico e faz parte do Conselho Editorial da Revista Psicopedagogia.
A terapeuta familiar diz que a postura dos pais precisa ser firme. Se hoje não pode, amanhã também não será diferente. E a regra é válida para todos, pais e filhos. "Hoje você ensina à criança que não pode por o pé na mesa. Amanhã, ela presencia uma situação em que você coloca o pé na mesa, porque está cansado. Isso não pode", afirma.
Partindo para o convívio social, crianças tendem a ser muito sinceras. Tão sinceras que acabam magoando as outras pessoas, ou mesmo, provocando situações desagradáveis. Para resolver isso, Quézia conta que uma boa alternativa é ensinar a chamada "mentira branca". Isso não significa ensinar a mentir e sim que existem outros modos falar, mesmo que não se tenha gostado de algo, sem magoar os outros. "Quando ele recebe um presente e não gostou, não é preciso falar que não gostou, deve agradecer e depois pode achar alguma outra utilidade para o presente, utilizá-lo de outra forma", exemplifica.
Outro ponto importante é dar atenção aos programas que os pimpolhos estão vendo pela televisão. Mesmo sendo desenhos animados, muitos não são didáticos, representam apenas violência e má índole que podem ser copiados pelos pequenos. "Há desenhos como o ‘Ben 10’, por exemplo, em que o personagem é mal-educado, mas todo mundo assiste. O que pode ser feito é ensinar ao filho que o que Bem faz é errado, feio, e não se deve agir da mesma forma". Tirando isso, Quézia conta que aquela história de "o programa a seguir é impróprio para menores" tem que ser levado ao pé da letra. Nada de criança assistindo à novela das oito.
E se, saindo dos olhos protetores dos pais, os pequenos encontrarem coleguinhas da sala de aula que não medem palavras e desrespeitam as professoras? O que fazer? A psicopedagoga ensina: "Mostre ao seu filho que essa companhia não é boa para ele, fale que essa é uma criança que você não gostaria de receber em casa. Os pais devem estar atentos às companhias, escolhendo quem pode estar junto a seus pequenos".
Quando dizer "não" Seguindo esses conselhos, a probabilidade da educação ser ótima é quase total. "Educar é uma atividade para o dia-a-dia, aproveitando cada oportunidade, do bom dia até a hora de dormir". Vale a pena tentar.