Prof. Chafic Jbeili
Na antiguidade, os reis costumavam convidar pessoas para servi-los e exigiam morassem nos palácios. Esses moradores do palácio tinham de um tudo enquanto serviam ao rei, mas depois que, por alguma razão, deixavam o serviço real precisavam contar com a caridade alheia para arrumar outro emprego ou mesmo para sobreviverem.
Assim, alguns embora desempregados e mesmo estando aptos ao trabalho preferiam se juntar aos “mendas”, ou seja, aos legítimos portadores de alguma invalidez para o trabalho e sorrateiramente praticavam a mendicância, aflorando o mendigo inato ou orgânico.
Desde então, quando se ouve a palavra “mendigo” imagina-se pessoa pobre, maltrapilha, moradora de rua, sem estudo, que fica com a mão estendida ou bate na janela de seu carro para pedir-lhe uma moeda ou qualquer outra coisa. Este é o mendigo habitual, tal qual aprendemos. Eles são sinceros, pois se apresentam tais como estão e merecem atenção.
No entanto, há aquele outro tipo de mendigo: o orgânico. Diferente do tradicional que é vítima de uma situação adversa e desfavorável, o segundo tipo é aparentemente rico, se veste bem, mora bem, tem cultura, porém, está sempre com as mãos (ou a língua) estendidas pedindo esmola, não por necessidade, mas por deficiência de dignidade e por serem moralmente inválidos. Pedem por desafeto próprio, não por eventual miséria.
Pode-se perceber a retidão de caráter no mendigo original ou no circunstancial pelo notório constrangimento enquanto pedem o pouco que precisam. Já no mendigo orgânico nota-se evidentemente a ausência de qualquer acanhamento em seu eloqüente e mendicante discurso. Ele não quer desconto, ele quer de graça para viver boa vida sem digno esforço.
Ao contrário do consumidor consciente que embora saiba negociar uma boa e legítima redução no preço para pagar pelas coisas das quais de fato precisa adquirir, o mendigo orgânico é sovina e inconveniente. O primeiro “chora”, mas faz questão de pagar. O segundo “chora”, mas para receber de graça.
Pedir desconto é ato de civilidade e um direito do consumidor; pedir ajuda quando se está em situação de vulnerabilidade e autêntica necessidade são anseios legítimos e naturais, sinais de retidão e honestidade, não colocando em xeque a integridade moral de ninguém.
Contudo, pedir de graça coisas das quais se pode pagar por elas é forte indício de má índole, autoestima ruim e invalidez moral passível de psicoterapia para reestruturação de caráter.
Como é bom e prazeroso poder pagar - com dinheiro
lícito - preço justo e adequado pelas coisas das quais se
precisa e possa adquirir. Isso faz bem para a autoestima, para moral e para
a alma. Fazer isso é saudável exercício que fortifica
a integridade e dignidade pessoal.
www.UNICEAD.com.br | www.CHAFIC.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"Diz-se que o homem vale pelo que sabe, mas vale mais aquele que sabe como dizer aquilo que sabe."Edmundo de Amicis