O genograma é um instrumento gráfico, e pode ser utilizado por diversos
profissionais, tais como médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, entre outros, pois facilita a interpretação dos principais problemas sociais,biológicos, emocionais e de relacionamento interpessoal.
O efeito gráfico facilita a observação não somente do contexto familiar, mas
também do indivíduo, pois o homem ao construir-se, angustia-se diante da
responsabilidade em existir, visto que é um ser-aí e um ser-no-mundo e é através das
relações com os outros que o homem se constrói e é responsável pela construção e o
cuidado do outro.
Na construção do genograma é de suma importância a escuta empática por parte do
profissional, devido a mobilização ocasionada nos pacientes na construção do instrumento,
pois este se depara com sua história familiar, e faz com que entre em contato com seu
projeto de vida e dentro da concepção fenomenológica existencial afirmamos que
“conscientizar-se do projeto não significa apenas alterá-lo pode ser que isso o leve a mantêlo.
É uma escolha que a qualquer sentido leva o risco” (Erthal, 1989, p. 57).
Ainda conforme Erthal (1989) ao realizarmos escolhas damos ao mundo o
significado que apresenta um sentido para o nosso ser, portanto ao se deparar com sua
história de vida familiar, refletida no genograma, o indivíduo é encorajado a refletir sobre
sua vida. Como nos menciona Sartre (1978, p. 7) “Assim como sou responsável por mim e
por todos, e crio uma certa imagem do homem por mim escolhida; escolhendo-me, escolho
o homem”.
Sendo assim levamos o paciente a refletir sobre sua responsabilidade em escolher,
em manter ou não o padrão familiar constatado no genograma.
No artigo realizado utilizam-se dois casos fictícios, em que se pode observar que o
instrumento possibilita uma gama de informações que, em um único instrumento, auxilia
de diversas formas os profissionais, pois cada profissional irá direcionar as perguntas, para
posteriormente utilizar em sua prática.
No segundo caso citado, foi possível constatar a partir do genograma, as
divergências entre pai e filho, problemas sociais, emocionais, genéticos e hereditários,
sendo que todos estes fatores contribuíram para o surgimento de transtorno mental, bem
como a percepção do padrão de funcionamento familiar e individual.
Entende-se que este artigo, contribui de forma transdiciplinar ao trazer o
genograma, que é um instrumento utilizado na abordagem sistêmica familiar, para as
demais abordagens teóricas tais como a fenomenologia existencial.
Dentro desta abordagem o homem o homem é um ser livre, único e responsável pela
própria existência (Aranha, 1993.), o método fenomenológico, busca descrever o
fenômeno tal como ele é, sendo o próprio homem quem o descreve, de acordo com o
sentido que deseja dar para o fenômeno, assim ao utilizarmos o genograma, o profissional
estará observando o sentido de que o indivíduo atribui a sua vida e seus relacionamentos.Percebe-se também na utilização do genograma, a maneira como o indivíduo percebe o seu EU ideal, Erthal (1989) afirma que muitos indivíduos, por não se aceitarem
realisticamente, criam uma imagem idealizada de si mesmo, daquilo que gostariam de ser,
não percebendo suas potencialidades.
Esta imagem idealizada pode tornar-se prejudicial a medida que origina angústia
frente as escolhas fracassadas, o que fica potencializando em famílias cujo padrão de
funcionamento é opressor, criando assim uma autoimagem negativa, a autoimagem é
realizada a partir do significado que damos às nossas escolhas e estas desvelam o nosso ser,
que formam nossos projetos de vida. “A imagem que o indivíduo cria de si mesmo,
determina os comportamentos que desenvolve” (Erthal, 1989, p. 57).
Muitos indivíduos portadores de Transtornos Mentais, inseridos em famílias com
padrão rígido de comportamento, demonstram sentimentos de inferioridade, e o complexo
de inferioridade é uma maneira de se escolher dentro de um plano de comportamentos
fracassados, e afirma que: “antecipando os julgamentos desfavoráveis dos outros, escolhese
justamente comportamentos que os propicie. Como consequência disso, uma imagem
idealizada pode ser formada, para compensar a ideia negativa que possa ter a respeito de si”
(Erthal, 1989, p. 62). Exemplificamos com os casos fictícios, onde escolhas negativas
como uso de drogas, casamento com pessoa agressiva, entre outros fatores constatados no
genograma, fortalecem o sentimento de inferioridade.
Desta forma acreditamos que a utilização do genograma, não somente na
abordagem Sistêmica, mas aqui exemplificado na teoria Fenomenológico Existencial,
poderá ser utilizado em outro enfoque teórico, pois o interesse principal é de auxiliar o
indivíduo a buscar pelo seu papel e nortear teoricamente o profissional na utilização do
genograma.
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"Diz-se que o homem vale pelo que sabe, mas vale mais aquele que sabe como dizer aquilo que sabe."Edmundo de Amicis